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segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Polícia investiga se ataque a jovens em SP foi motivado por homofobia


O que leva um grupo de jovens de classe média alta a sair espancando outros rapazes, que encontram na rua, nas primeiras horas da manhã de um domingo?

Avenida Paulista. O lugar que todo ano recebe a Parada do Orgulho Gay, ontem, foi hostil aos homossexuais. Isso por causa de um grupo de jovens intolerantes, segundo suspeita a polícia.

“O que existe na realidade é uma agressão sem sentido das pessoas que não se conformam com a situação de alguém, o modo de vida ou tal”, diz José Matalo Neto, delegado.

Passava das seis da manhã quando o grupo foi em direção a dois jovens. Um conseguiu fugir. Outro apanhou até com lâmpadas fluorescentes e foi hospitalizado.

Duzentos metros depois, novas vítimas. Três rapazes. “Um deles chamou a nossa atenção. A gente olhou pra trás, nesse momento o menino veio e com a lâmpada e bateu no rosto”, conta uma das vítimas.

“Aí um foi, começou a me enforcar enquanto os outros começavam a me dar chute”, conta outra vítima.

“Eu escutei alguma coisa referente a bicha a gay, fizeram até outros comentários, enfim”, diz.

Os jovens só não apanharam mais porque os seguranças de alguns prédios ajudaram. “Queria ter batido mais, mas só não bateu porque demos um auxílio, um apoio pra vítima”, diz José Augusto Neto, segurança.

“Cinco pessoas em cima de uma pessoa só. Acho que não é fácil. E o rapaz não estava fazendo nada. Ele estava vindo normalmente pra cá e eles em direção contrária. Pegaram duas lâmpadas e estouraram no rapaz”, comenta Hércules Arelo, segurança.

Quatro dos agressores são menores de idade, têm entre 16 e 17 anos, e foram transferidos para uma unidade da Fundação Casa, a antiga Febem.

O quinto agressor é maior de idade e está preso numa delegacia. Vai responder por lesão corporal gravíssima e formação de quadrilha. Os cinco jovens estudam num colégio particular de um bairro nobre de São Paulo.

A mãe de um deles não entende o que o filho fez e acha que, sozinho, ele não teria tomado essa atitude. Ela disse para a repórter Monalisa Perrone que está constrangida. “Eles não foram criados, não são meninos criados pra isso, a gente sempre tenta criar o filho com carinho, com compreensão, mas infelizmente estavam num grupo, eu acho que um acabou motivando o outro, e acabou acontecendo”, declarou.

“O grupo, no fundo, fortalece a interação entre eles e aí a vontade de agredir, de violar o outro fica muito mais forte, porque se dilui a responsabilidade. Um deu o pontapé, o outro jogou a luz, o outro deu o soco e assim sucessivamente”, explica Stela Graciani, cientista social – PUC SP.

Os agressores também foram autuados em flagrante por roubo de objetos pessoais de uma vítima de 23 anos, que prestava queixa na delegacia e o jovem reconheceu o grupo.

Fonte: Jornal Hoje

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