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domingo, 24 de outubro de 2010

Ator François Sagat vem ao Brasil em novembro. Leia entrevista



Como você começou a trabalhar no pornô?
Desde pequeno sempre gostei muito de desenhar. Vim para Paris em 1997, com 18 anos, para estudar moda. Trabalhei como assistente nas principais maisons como Givenchy e Balenciaga. Gostava muito de moda, mas trabalhando no meio descobri que trabalha-se muito, ganha-se pouco e que o que gostava realmente era de fotografia de moda.

Mas ainda é ligado de alguma maneira à moda?
Não é um meio que me seduz mais, nem acompanho mais as temporadas e coleções. De vez em quando trabalho como modelo para algumas grifes e é só isso. Quando vi que não iria mais trabalhar com moda como estilista voltei para casa da minha mãe no interior e resolvi me dedicar ao meu corpo. Malhei muito durante um ano e voltei. Ao chegar de volta a Paris fui trabalhar como barman e gogo em bares gays do Marais. Ali fui convidado para fazer vídeos pornô, cheguei a fazer alguns com pseudônimo de Azedine e em seis meses já recebi o primeiro convite para filmes nos Estados Unidos.

Você sofreu algum tipo de preconceito?
Quando virei ator pornô muitos amigos sumiram, só os verdadeiros ficaram. Contei para minha mãe quando fui para a Califórnia, ela não acreditou quando disse que ia para os EUA ser barman, então tive que ser sincero. Foi um choque, mas ela aceitou depois. Minha irmã aceitou bem desde o início e nos falamos sempre. Não sei do meu pai há anos, desde criança, acho que mora na França, deve estar sabendo agora, pois estou na capa de várias revistas.


Circula bem fora do meio gay?
Não me relaciono com quase ninguém do pornô, realmente não é um meio que tenha pessoas que me interessem. Tenho alguns amigos héteros e uma grande amiga heterossexual. E muitos conhecidos fora do meio gay. Na verdade sou muito tímido, reservado. Tenho cinco amigos, formamos um grupo bem fechado, estamos juntos o tempo todo. E nenhum deles trabalha no pornô, são todos do meio da moda, artes...

Você usa seu nome verdadeiro, o que é raro no pornô...
Nunca vi problema nisso. Cheguei a usar um pseudônimo, Azedine, bem no começo. E quando fui para os Estados Unidos queriam me chamar de Franc ou Francisco. Achei que era estúpido.


Chegou a ir morar nos Estados Unidos?
Atores pornô não têm visto de trabalho lá. Nenhum, nem homens nem mulheres. Todos os europeus só podem ficar três meses, com visto de turista, pois não consideram pornografia um trabalho. É bom não poder morar lá, se vivesse lá trabalharia direto, seria muito mais explorado, tragado pela indústria. Mas não viveria nos Estados Unidos, sinto falta da Europa. Nova York é um pouco melhor, mas ainda assim sentiria falta da cultura européia.

E continua trabalhando na França?
A indústria pornô na França é muito fraca, não são nada profissionais e pagam muito mal. Depois de trabalhar fora é difícil voltar a fazer vídeos por aqui. Além disso não trabalho porque me acham esnobe, com nariz empinado. E aqui sou mesmo, pois recusaria qualquer trabalho que me oferecessem.

Sua marca registrada é a tatuagem no escalpo. Porque a fez?
Desde pequeno sempre tive uma testa grande. Fiz a tatuagem quando comecei a perder cabelo, com vinte e poucos anos, antes de começar a trabalhar no pornô. Se tivesse cabelo como você não teria tatuado. Só tenho cabelo aqui do lado. Não foi por marketing...

Mas acabou virando sua assinatura...
Essa tatuagem é algo que marca muito. Aqui no bairro tenho que andar assim (veste-se com capuz), porque senão chamo muita atenção. Quando ficar mais velho talvez faça um implante, um tratamento com laser. Ou passe a usar perucas.

Você se excita assistindo seus filmes?
Gostava muito de pornô antes de começar na indústria. Hoje só gosto de ver filmes com desconhecidos. Não me excita ver porn stars, reconheço nas cenas como eles estão preocupados em atuar. Fico reconhecendo neles os meus cacoetes também. Por isso não vejo muito meus vídeos.

É complicado encontrar namorados? Você mora sozinho?
Nunca pensei em me casar, não me vejo vivendo com alguém. Nunca tive essa experiência e não sei se vou ter. Divido apartamento com um amigo aqui atrás no Arts et Metiers (estação de metrô ao lado do Marais). Nem penso em ter uma relação, estou muito focado no trabalho.

E como você encontra parceiros?
Difícil encontrar alguém. Hoje em dia é muito raro caçar pela internet. Geralmente não acreditam que sou eu mesmo, e quando acreditam, tenho que ficar me justificando porque . Também não gosto de ir a clubes, o assédio é grande, as pessoas ficam olhando, julgando. Saio pouco, fico muito em casa lendo, vendo filmes.


Quais são seus tipos favoritos?
Gosto de ex-presidiários, mecânicos, tipos brutos, que tenham uma pegada forte, um certo perigo. E que tenham pelo menos a minha altura e que sejam fortes. Estou com fraco por ruivos.

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