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sábado, 19 de junho de 2010

Sou feliz, meu filho é gay


Sou mãe de três rapazes jovens, saudáveis, inteligentes, dois são heterossexuais e um deles é homossexual.
Todos foram criados e educados com muito carinho e amor e de maneira semelhantes, claro que tivemos vários problemas mas conseguimos juntos superá-los. Sempre fui uma mãe super protetora, atenta a tudo, querendo participar da vida de meus filhos e muitas vezes até sendo até inconveniente confesso.
Em 2005, fui surpreendida com a afirmação de meu filho de 16 anos: “mãe, sou gay!”, mesmo tendo sido uma mãe presente e atenta, não notei essa situação, e ao saber levei um choque, chorei, sofri, rezei, fomos ao psicólogo, acreditei ser passageiro, mas também resolvi: quero entender, estudar, saber tudo sobre essa situação. Li muito, pesquisei, entrei em um grupo de ajuda para mães de homossexuais. E, na época, meu filho gay foi minha prioridade. Não conseguia entender o que se passava com ele. Mas, aos poucos, quase que como milagre, entendi que ele não tinha opção.
A orientação sexual não é uma questão de livre arbítrio. É natural e espontânea, se não fosse daria para mudar... Se ele pudesse, tenho certeza, não escolheria ter essa confusão toda.
Tendo conhecimento disso, consegui compreender, aceitar e amar meu filho como ele é:uma pessoa maravilhosa, como tantos jovens por ai que se encontram com esse mesmo “problema”.
Também resolvi ver ‘in loco’ os ambientes que ele freqüentava. Parti para a luta, isso é, conheci seus amigos e namorados. Gente normal, como todos nós, e muito mais sensíveis, compreensivas e muito carentes de amor e compreensão. Isso me sensibilizou muito, e compreendi que se os pais dessas pessoas os acompanhassem e vissem que na maioria das vezes eles estão realmente sós. Se divertindo sadiamente, dançando, conversando e até namorando em bares, boates, onde são aceitos sem restrições, sem recriminações, onde se sentem iguais. E lá me senti acolhida, até amada, e me olhavam com admiração, “nossa uma mãe na balada gay e com o filho”, “como gostaria que a minha viesse, que me acompanhasse, que me entendesse” e por ai afora. O ouvi muitas indagações e afirmações de meninos e meninas tão normais e ao mesmo tempo tão discriminadas e tristes, sem terem a quem recorrer.
Desse momento em diante, não mais diferenciei os cuidados com meus três filhos, agora, os vejo todos iguais. Aconselho a todos que se protejam, se cuidem usando camisinha em seus relacionamentos, os aceito com suas namoradas e namorado em minha casa, sempre mantendo o devido respeito. Acredito que essa atitude, de conhecer seus amigos e de aceitá-los em casa, faz com que eu fique mais tranqüila e que todos me respeitem, me escutem, dividam comigo seus problemas e alegrias e me amem cada vez mais. Porque o que interessa para nós, mães, é que nossos filhos sejam felizes. E eu posso afirmar, sou mais feliz depois que soube que meu filho é gay.


By Raquel Gomes

4 comentários:

Anônimo disse...

Muito bonito esse texto, pode -se notar a sensibilidade e firmeza nos atos de uma mãe ao decidir caminhar lado-a-lado com seu filho gay. Pode até parecer ufanismo, mas sonho o dia em que todos pais de homosexuai ajam dessa forma.

mauro disse...

Curti bastante esse documentário na forma de expressão sentimental, adoraria poder ter uma mãe que compreende-se o meu mundo dessa forma...

Igor Dorneles disse...

uma ótima sogra, risos.

Anônimo disse...

parabens se nao so as maes agissem assim mas nos mesmos temos tambem que mostrar que homosexualismo nao é uma escolha que fazemos e mostrar que nossa vida nao muda e nem vai mudar por conta disso parabens pra essa mae ^.^ a minha mae ainda recrimina e tem muitos preconceitos apesar de anos terem se passado mas em fim cada um cada um