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quarta-feira, 21 de abril de 2010

"Super-heróis" se reúnem em bar gay dos EUA.


Iluminação escura. Cantinhos para encontros amigáveis. Atendentes musculosos. Música dançante e pulsante. À primeira vista, poderia ser a noite de sábado em qualquer bar gay de Nova York.

Mas daí você percebe, em um canto, o Super-Homem flertando com o Lanterna Verde. E, do outro lado, alguém com o colante do Adão Negro, antagonista do Capitão Marvel, mandando ver na pista. Na verdade, aparentemente há um número exagerado de homens na noite que parecem ter saído das páginas de uma revista em quadrinhos. E, de certa maneira, foi isso que aconteceu.

Estamos no Skin Tight USA, a festa ocasional dedicada a fetiches por uniforme do Stonewall Inn, em West Village, que atrai um grupo regular de homens (e admiradores) que apreciam um tipo especial de fantasia. Alguns vestem uniformes heróicos, outros, roupas de luta romana. A multidão pode variar de 25 em uma noite média a 250 em uma espetacular. Em comum, as vestimentas que valorizam os músculos e frequentemente deixam pouco para a imaginação.

"Sempre me senti atraído pelo físico dos super-heróis", disse Matthew Levine, 31, que em 2005 fundou a festa com Andrew Owen, 44, e um dos poucos participantes dispostos a se identificar. Os dois se tornaram amigos quando eram, respectivamente, o designer gráfico e o webmaster da Hard Comixxx, a predecessora da Skin Tight que acontecia no bar Eagle, em Chelsea. Levine é grande fã dos X-Men (que têm alguns personagens gays) e dos Transformers (todos aparentemente héteros) e lê quadrinhos desde os oito. "Fiquei mais velho e percebi que era por isso que eu admiro o ideal grego de masculinidade e musculatura."


A festa Skin Tight -na qual as fantasias variam de familiares (como Homem Aranha) a aquelas que apenas fissurados em quadrinhos reconheceriam (como a versão de 1993 do Superboy)- é uma das formas de expressão de fãs gays, lésbicas, bissexuais e transexuais de quadrinhos hoje em dia. Eles estão saindo do armário, com estardalhaço e orgulho, em blogs, grupos de afinidades, quadrinhos virtuais, etc., simultaneamente anunciando sua identidade sexual e sua devoção às revistas em quadrinhos. Mas não foi há muito tempo que o clima era menos do que convidativo àqueles que quisessem unir os dois mundos aparentemente díspares.

"Durante a minha infância nos anos 80, acho que nem considerava a possibilidade de super-heróis gays e simpatizantes", disse por e-mail Dan Avery, 37, editor do Next, um guia para a vida noturna gay em Nova York. "Mas realmente me lembro de ter que manter dois segredos: ser gay e ser um fã de quadrinhos. Não sei ao certo qual dos dois eu temia mais que as pessoas descobrissem." Atualmente, Avery integra um grupo de gays que se encontram regularmente para discutir as últimas edições das revistas em quadrinhos.

Alguém que entende a velha relutância em se assumir, Andy Mangels, 43, modera desde 1988 o fórum "Gays nos Quadrinhos" na Comic-Com International, em San Diego. Naquele mesmo ano, ele escreveu Out of the Closet and Into the Comics, um artigo para a Amazing Heroes, revista setorial do mundo dos quadrinhos. O artigo incluiu uma série de citações anônimas de criadores gays e lésbicas. "Todos temiam o modo com que o setor os trataria", disse Mangels em recente entrevista telefônica.

Embora a indústria dos quadrinhos tenha progredido muito desde a histeria causada pelo livro de 1954 Seduction of the Innocent -no qual o psiquiatra Fredric Wertham sugeria uma ligação entre ler gibis e a delinquência juvenil, afirmava que Batman e Robin eram um casal homossexual e considerava a Mulher Maravilha uma fã de sadomasoquismo-, personagens verdadeiramente gays e lésbicas demoraram para surgir.

Mangels cita a edição nº 23 da revista The Hulk, de 1980, como o primeiro quadrinho comercial a incluir gays e lésbicas, embora com uma representação longe de positiva. Na história, Bruce Banner, o alter ego do Hulk, está na Associação de Jovens Cristãos (YMCA), onde dois homens gays tentam estuprá-lo. Jim Shooter, o roteirista, justificou a cena afirmando se basear em incidentes que aconteceram com ele e um amigo.

Fonte: Orion men

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