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sábado, 9 de janeiro de 2010

Oito séculos depois, Robin Hood é arrancado do armário

Bissexual, o ator Errol Flynn foi o mais famoso Robin Hood nos cinemas


Passados oito séculos das façanhas que tornaram Robin Hood um mito, o Professor Stephen Knight, da Universidade de Cardiff (Inglaterra), puxou o herói para fora do armário. Algumas baladas medievais, que celebravam o benfeitor que roubava dos ricos para dar aos pobres, teriam sido modificadas para apagar o conteúdo homossexual.

O Professor cita em seu livro "Robin Hood, a myithic biography" (Editora Paperback - 2003) uma canção que diz, na tradução literal: "Quando Robin Hood tinha uns vinte anos, conheceu João Pequeno, uma espada rápida e perfeita para o negócio, porque ele era um homem cheio de desejo". Nem sombra de Lady Marian, que seria uma invenção histórica, literalmente, para inglês ver.

A matéria, publicada no "Sunday Times" em dezembro de 2009, provocou muita polêmica. A Robin Hood Society, presidida por Mary Chamberlain, saiu em defesa lamentando "que se especule dessa forma sobre a vida de um personagem com quem tanto se identificam as crianças de todo mundo". Por outro lado, o conde de Huntington, herdeiro do título que, na lenda, foi dado a Robin Hood e que se dizia descendente dele, apressou-se em desmentir o parentesco. "Não há nenhuma prova de que ele pertencesse à família", disse.

Por coincidência, o ator mais famoso de todos os que encarnaram o moço de chapéu de peninha foi Errol Flynn. Flynn, apesar de seus vários casamentos, saía do guarda-roupa por conta própria afirmando usar "técnicas orientais, apreendidas em Hong Kong, para prender os parceiros e parceiras" e tinha fetiches diversos. O ator Tyrone Power e o escritor Truman Capote estão em sua lista de namorados.


Os símbolos

O Professor Stephen Knight declarou aos jornalistas do "Sunday Times" que o livro foi lançado a tempo de participar de um congresso sobre Robin Hood, em Nottingham. Os símbolos "inquestionáveis do imaginário erótico" seriam "o fato do grupo do justiceiro viver no bosque sem a companhia de mulheres e as referências a flechas, espadas e lanças".

A história de Robin Hood é do final do século 12, quando Ricardo Coração de Leão participava das Cruzadas, mas os especialistas concluíram as que as baladas celebrando a aventura, foram compostas em torno de 1450. Robin é pássaro de cor verde e penas do peito em tom vermelho e Knight afirma, com veemência, que era um eufemismo para designar "homens com pouca virilidade".

Outra sumidade, Barry Dobson (professor da Universidade de Cambridge) apoia a tese e explica que no século 12 a homossexualidade era aceita pela Igreja e que, só mais tarde, começou a intolerância com os gays. E quem foi Lady Marian? Ninguém sabe, ninguém viu, nunca existiu. Teria sido uma invenção para encarar os rigores da era vitoriana.

O Professor Knight repete, lembrando que as traduções do Chaucerian English, - dialeto em que as baladas sobre Robin foram escritas - mostravam que "a atmosfera que se respirava no bosque de Sherwood na época em que se desenrola a lenda, era a dos merrie men (rapazes alegres), sem o menor traço da figura feminina".
Fonte: Mix Brasil

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