por: Renato Hoffmann

Ora, sabemos que a Bíblia não fala literalmente em um Adão, como um único homem criado. A expressão hebraica para Adão no sentido amplo é Adamah: terra, solo, chão fértil e significa na essência HUMANIDADE, aquilo que pode ser cultivado, modelado. Há quem diga de solo vermelho. O termo é diferente de eres, que significa terra em oposição ao céu, ao mar, terra matéria, substância, há vários outros sentidos como o político: delimitação de domínio de um clã, de uma tribo, o geográfico: fronteiras, terras delimitadas, regiões. A na

Filosoficamente o Ser é só, é próprio do homem a solidão, contudo, o homem só se dá conta de sua solidão, quando ao seu semelhante percebe e não consegue transpor-se nele, no outro. Assim, o Ser é o que é, e o outro continuará sendo o que é, um sem se transpor no outro, cada um sendo indivíduo de si mesmo. Jean- Paul Sartre dirá nessa perspectiva que o outro é o inferno (o inferno é o outro).
A narrativa bíblica diz que Deus viu que o homem estava só e resolveu criar para ele uma companheira, e Adão caiu num profundo sono. Ora se num primeiro momento a narrativa fala de uma humanidade, bem certo que os gêneros nela já estão definidos, o escritor eloísta em sua teodicéia resolve então explicar esse sentimento VAZIO do Ser dando a ele uma companheira. E essa companheira nada mais seria do que o sonho de Adão. Adão sonha consigo mesmo (o sujeito sempre fala de si), Eva, nada mais é do que o desejo de Ser do próprio Adão. Eva é o Adão travestido nas escrituras, é tudo aquilo que o ADÃO não tem coragem de ser, assumindo-se em si mesmo... Eva é a mulher do fruto proibido, da desobediência: é o Adão se libertando do jugo de ser macho, e se vendo feminino, percebendo-se delicado, passivo, histérico. Na narrativa ele dorme, enquanto é moldado em si mesmo, enquanto perde a vara, para receber o varão. E nisso Adão se compraz!
Adão e Eva, Ivo e Eva, Adão e Ivo nada mais é, nas escrituras, do que o desejo travesti de Adão.
Fonte: Gospel Gay
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