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quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Prefeitura de São Paulo faz pontos onde ocorrem caso de Homofobia

Homossexual agredido na Rua Frei Caneca após a Parada Gay em junho deste ano; SP terá um mapa da homofobia (Foto: Paulo Toledo Piza/G1)




São Paulo vai ter um mapa da homofobia em 2010, de acordo com Franco Reinaudo, coordenador da Coordenadoria de Assuntos de Diversidade Sexual (Cads) da Secretaria de Participação e Parceria. O mapeamento permitirá apontar os pontos da capital onde ocorre o maior nível de intolerância contra a população de lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e transgêneros (LGBT).

“E, a partir daí, teremos condições de interferir de maneira efetiva nestes locais, fazendo um trabalho de conscientização com a população e freqüentadores. Em casos de confirmação de um ataque ou agressão, este trabalho será feito em conjunto com a Secretaria de Segurança Urbana”, afirmou Franco.

A ideia do mapa da homofobia surgiu após o aumento de denúncias de discriminação por parte de homossexuais ao Centro de Combate à Homofobia (CCH) e Discriminação por Gênero, que funciona no Pátio do Colégio, no Centro de São Paulo. “De um ano para cá, constatamos um aumento nas denúncias, que chega a uma por dia. Consideramos muito uma por dia”, explicou Franco.

Antes da criação do Centro de Combate à Homofobia, que fornece atendimento jurídico, psicológico e social às vítimas de discriminação, a maioria dos casos não era denunciada à polícia. “Por isso, havia uma dificuldade muito grande em obter informações, em levantar dados com os quais pudéssemos agir efetivamente”, disse.

Os dados já foram coletados, mas o mapa ainda não foi formatado, de acordo com Franco. “Até o fim do ano, completaremos este mapa para entrar no planejamento do ano que vem.”

Mesmo assim, já é possível, com base nas denúncias feitas, apontar alguns pontos da capital onde a intolerância ao público LGBT é maior. “O Centro [de SP], por ser um lugar de convivência, por exemplo, tem problemas neste sentido; o Autorama [área ao lado do Parque do Ibirapuera e em frente ao prédio onde funcionava o Detran], também. A Avenida Paulista e a parte central da Rua Augusta, que costuma ser frequentada por diferentes tribos, como os skinheads, são outros pontos já identificados”, afirmou.

Gay assumido, o ator e cantor Sérgio Carlos Pessoa, de 32 anos, por exemplo, perdeu um rim depois de ter sido violentamente espancado, junto com um amigo, por nove jovens na Praça da República, no dia 29 de dezembro de 2006. Ao levar um chute, ele teve o órgão comprometido. A brutal agressão ficou impune, mesmo depois de registrada queixa na Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi) do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). “Pelas imagens das câmeras, o grupo que nos agrediu foi identificado, mas não foi possível identificar com clareza quem me deu o chute”, explicou.

Diante disso, Pessoa entrou com uma ação contra o Estado, alegando falta de segurança no local. “Meses antes, um homossexual havia sido morto na Praça [da República]. Chegaram a instalar um posto móvel da polícia no local e depois tiraram. E aconteceu a agressão novamente. Ou seja, só pode ser por falta de segurança. É uma região que tem de ser melhor policiada”, afirmou.

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